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Em quarta aposta, empreendedor encontra filão entre herdeiros

  • Foto do escritor: Akurat
    Akurat
  • 9 de ago. de 2024
  • 3 min de leitura
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Daniel Duque, CEO e cofundador da Herdei: empreendedor já foi dono de academia, lanchonete e healthtech — Foto: Divulgação Este trecho é parte de conteúdo que pode ser compartilhado utilizando o link https://pipelinevalor.globo.com/startups/noticia/em-quarta-aposta-empreendedor-encontra-filao-entre-herdeiros.ghtml ou as ferramentas oferecidas na página.

Depois de consumir boa parte da sua reserva financeira em uma startup de saúde que fechou as portas, o empreendedor carioca Daniel Duque, também ex-dono de uma academia e de uma lanchonete, fez as contas e percebeu que não poderia passar mais muito tempo sem um trabalho. Com três filhas para criar junto com a esposa (e sem uma herança à disposição), saiu à procura de um sócio que estivesse disposto a uma nova empreitada.


Por meio de um amigo em comum, conheceu o advogado especializado em planejamento sucessório Gustavo Costa, que em um café de São Paulo lhe apresentou a ideia que o empolgava mas ainda não havia sido tirada do papel: criar um negócio que ajude quem tem heranças a receber, seja resolvendo burocracias, com uma equipe de despachantes, seja emprestando dinheiro a herdeiros que não conseguem arcar com os custos do processo, em geral da classe média. "Ele já tinha falado com outra pessoa, mas eu fui o primeiro louco que topou", conta Duque, de 44 anos, ao Pipeline.


Com R$ 1,5 milhão de capital inicial, praticamente tudo de um amigo que entrou como investidor-anjo, a dupla fundou no início do ano a Herdei, que, até o momento, já assessorou clientes que somam R$ 8 milhões em heranças, dos quais R$ 5 milhões envolveram empréstimos para financiar os custos do processo. A expectativa é terminar 2024 com 129 clientes atendidos e atingir o breakeven no 18º mês de operação, em meados do ano que vem.


A Herdei, vale dizer, se especializou em heranças que não passam pela Justiça, em uma sacada do sócio advogado, que sabe que a via judicial é imprevisível em termos de duração, e a startup acabaria não entregando a desejada velocidade aos clientes. Por isso, se concentra em heranças que podem ser resolvidas em cartório, em que o tempo médio para concluir tudo é de dois meses: são os casos sem disputa entre herdeiros ou quando não há menor de idade envolvido.


"O problema é que, mesmo em cartórios, o custo de se fazer o inventário é alto, pode ser de 10% a 15% do valor da herança, a depender do estado", diz Duque, que se tornou o CEO do negócio, enquanto Costa ficou como COO. "É um dinheiro que muitas vezes o herdeiro não tem para desembolsar, então a gente empresta e parcela, colocando a própria herança como garantia." Para dar um exemplo, uma operação recente feita pela Herdei aplicou uma taxa de juros anual de 18,7%.


Independentemente de o cliente querer ou não financiar o custo do processo, a Herdei também cobra uma comissão pela assessoria que está prestando, podendo variar entre 4% e 6% do tamanho da herança, valor que também pode ser financiado. O funding para os empréstimos é todo da Herdei, mas a startup recorre a uma instituição financeira parceria para formalizar as transações.


A Herdei, além disso, trabalha com planejamentos sucessórios, uma área que começou mais tímida em comparação à parte de heranças, mas que tem ganhado tração depois da reforma tributária, que determinou que cada estado vai definir suas regras para o tema, levando famílias a uma antecipação do processo para evitar possíveis aumentos de impostos. Hoje, 40% do negócio da Herdei já é voltado para planejamento sucessório, cujo modelo de receita envolve um plano de assinatura de 24 meses, enquanto os outros 60% são para resolver heranças.


"É interessante porque podemos ter uma recorrência de clientes: aquele que fez planejamento sucessório conosco vai nos procurar quando o pai morrer, e depois volta quando a mãe morrer", disse Duque. "Ou como já aconteceu: um cliente veio resolver a herança do pai e depois aproveitou para fazer o planejamento sucessório da mãe."


Com um time de 12 pessoas, incluindo advogados, despachantes, comercial e financeiro, a Herdei diz que está confortável em termos de capital e sem precisar de novos investidores, um cenário bem diferente do vivido por Duque na sua antiga startup. O negócio — uma healthtech que criou depois de vender suas participações em uma lanchonete e em uma academia no Rio — era uma plataforma para médicos focada em automatização de faturamento, mas que acabou ficando sem mercado depois que gigantes do setor, como a Afya, investiram no mesmo produto.


Sem fôlego para fazer frente à concorrência de peso, a startup não passou do MVP e foi encerrada no ano passado. Mas Duque entende que pelo menos serviu de aprendizado pela imersão que teve em um negócio de tecnologia, dado que suas experiências anteriores foram na economia real. Hoje vivendo entre o Rio e São Paulo, reconhece que ainda não teve um grande case como empreendedor, mas está mais confiante com o andar da carruagem na Herdei. "Essa eu acho que vai vingar."


Fonte: Pipeline

Por: André Ítalo Rocha

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