21 de set de 20232 min
A Gigaset, uma fabricante de eletrônicos alemã conhecida pelos seus telefones sem fio, pediu falência nesta terça-feira, 19/set/23.
A empresa, criada em 2008 a partir de um spin off da Siemens, disse que não tem condições de pagar dívidas devido a um recuo inesperado e significativo nas vendas no segundo semestre.
Os produtos da Gigaset estão presentes nos principais e-commerces do Brasil, mas até onde a reportagem do Baguete conseguiu averiguar, a empresa não tem mais presença no Brasil.
Não dá para dizer que o pedido de falência da Gigaset seja uma surpresa. O Handelsblatt, o principal jornal de economia da Alemanha, traz a história de decadência da empresa.
A queda da Gigaset foi monumental. Em 2009, um ano depois de se tornar uma empresa independente da Siemens, o faturamento era de € 3,5 bilhões.
Seis anos depois, em 2015, ele já era de € 305 milhões, valor em torno do qual a Gigaset vem girando desde então. Em 2022, o faturamento ficou em € 241,3 milhões.
O motivo da queda é fácil de entender: 90% do faturamento da Gigaset vem de telefones de mesa sem fio, um produto onipresente, mas com o qual ninguém se importa na verdade.
(Feche agora os olhos e diga qual é a marca do telefone na mesa do escritório, ou da linha fixa em casa. Se você se lembra, tente elencar duas funcionalidades que ele tenha).
A empresa até tentou diversificar, entrando em 2015 no mercado de smartphones, o produto que está causando a queda nas vendas dos telefones sem fio.
A Gigaset se tornou uma patrocinadora do poderoso Bayern de Munique, com o plano que os jogadores usassem os novos celulares da marca.
Mas a Gigaset já era então uma empresa de médio porte da Alemanha, sem chances de competir com as Apples e Samsungs do mundo.
As vendas de smartphones foram de € 18,8 milhões no último ano, uma gota de água em um mercado multimilionário. Um produto focado em casas inteligentes, com termostatos, tomadas e detector de fumaça também não decolou.
Na nota divulgada para a imprensa, a Gigaset fala em “reestruturar o negócio da base”, provando a “rentabilidade de cada área do negócio”.
A tendência é a Gigaset se juntar à Kodak e outras empresas como case do que acontece com quem perde o bonde do mercado.
Enquanto ainda era parte da Siemens, a empresa era uma líder mundial na área de telecomunicações, mas não embarcou na hora certa na onda da telefonia pela Internet.
Fonte: baguete.com.br