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De olho no Brasil, Globant e Telefônica investem R$ 60 milhões em idtech argentina

A VU Security desenvolveu uma solução de proteção de identidade que é usada por 170 empresas de 27 países. Participaram também da rodada a Bridge One e o BID LAB. Os recursos serão usados para crescer a operação brasileira

Em 2007, o argentino Sebastián Stranieri fundou a VU Security inspirado em um problema de sua avó, que teve de aparecer presencialmente em uma repartição pública para provar que estava viva e assim seguir recebendo sua aposentadoria.

A ideia era criar uma solução de proteção de identidade e de prevenção de fraudes que permitisse que as pessoas pudessem provar que eram elas mesmas de forma virtual.

Ao longo de 14 anos, a idtech VU Security conquistou 170 clientes em 27 países e sua solução atualmente é usada por 350 milhões de pessoas ao redor do mundo. Agora, a startup fundada por Stranieri está recebendo um aporte séria B de R$ 60 milhões que será usado para estabelecer uma presença internacional mais forte, inclusive no mercado brasileiro.

“O plano é poder ter escritórios em novos países e regiões, incluindo o Brasil, os Estados Unidos e a Europa”, diz Stranieri, um fã de grupos de rock como AC/DC e Metallica e do corredor brasileiro de Fórmula 1 Ayrton Senna – ele é também corredor de Fórmula 3.

O aporte contou com a participação de Globant, empresa de tecnologia que vale US$ 9 blhões na Nyse, a empresa de telefonia Telefônica, o BID LAB e a gestora brasileira de venture capital Bridge One, que ajudará a VU Security na estratégia do mercado brasileiro. Os atuais sócios Agre Partners e NXTP Ventures seguiram a rodada, na qual a VU foi avaliada em mais de US$ 100 milhões.

“A VU é uma empresa com mindset global”, diz João Brandão, sócio da Bridge One, que tem como tese investir em startups B2B de alta crescimento – o portfólio conta com Goomer, Involves, Daitan Labs, Mandaê e Stilingue. “Mas boa parte dos recursos do aporte é direcionado para o Brasil, que deve ser a maior operação da VU.”

Com uma solução que combina controles tradicionais de segurança cibernética com geolocalização, biometria e análise de comportamento do usuário baseada em machine learning, a VU diz que consegue verificar se uma identidade é verdadeira ou falsa.

A pandemia, de certa forma, acelerou o uso desse tipo de solução digital, por conta da necessidade de autenticar usuários remotamente. Bancos, governos e companhias do setor de saúde são as empresas que usam a tecnologia da VU – os nomes dos clientes, com raras exceções, não são divulgados.

É o caso do Brasil, onde a startup já conta com a Kroton, braço de educação superior da Cogna, entre seus clientes. A operação brasileira já tem quatro funcionários, mas o objetivo é aumentar essa equipe. Um head para o País será contratado. “O escritório da Argentina conta com 70 funcionários. O brasileiro, ao longo do tempo, será maior”, afirma Stranieri.

A VU busca também parcerias no mercado brasileiro. Seu modelo de negócios envolve canais corporativos, que vendem, integram e dão manutenção para a solução da startup – a cobrança é feita na forma de SaaS (software as a service). A Microsoft, por exemplo, é um grande parceiro da empresa.

No Brasil, a VU encontrará duas companhias bem estabelecidas. São os casos da Unico (ex-Acesso Digital) e da idwall. Ambas estão capitalizadas por aportes recentes de fundos de venture capital.

A Unico, por exemplo, recebeu R$ 580 milhões em uma rodada que contou com a participação de General Atlantic e Softbank. A idwall, por sua vez, levantou R$ 210 milhões de investidores como Endurance, GGV Capital, Península, Monashees, Canary, Qualcomm, ONEVC, Grupo Globo e Norte em junho deste ano.

As três disputam o mercado de biometria facial, que movimentou aproximadamente R$ 1 bilhão em 2020, de acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia em Identificação Digital (Abrid).

Essa área tem sido impulsionada por dois fatores. Um deles é a corrida das empresas por implantar processos digitais de identificação, uma tendência acelerada pela pandemia do novo coronavírus.

Outro motivo é a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), que classifica os chamados dados biométricos – traços da face e digitais dos dedos, por exemplo – como “sensíveis”. Segundo a legislação, eles só podem ser coletados mediante consentimento do usuário.

A lei, no entanto, abre exceções, como nos casos em que a biometria for indispensável para prevenir fraudes ou garantir a segurança na autenticação de sistemas eletrônicos. É um espaço que VU, assim como seus competidores, devem explorar.


Publicado em: neofeed.com.br

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