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Back to basics: com nova direção, Valid tem melhor ano da história


Quando foi chamado à Valid para uma conversa com o chairman Sidney Levy sobre a cadeira de CEO, em setembro de 2020, o executivo Ivan Murias perguntou qual era o problema que ele teria que resolver. Afinal, quando um conselho decide trocar a diretoria quase que por completo, como aconteceu na Valid, é para tentar alguma nova rota. “Esse é o problema”, disse o chairman, mostrando um gráfico com as ações da companhia, que haviam minguado 75% em cinco anos. No primeiro ano-calendário completo dessa nova diretoria - incluindo CEO, CFO, DRI -, a Valid acaba de divulgar seu melhor desempenho histórico em faturamento e Ebitda. A receita líquida foi de R$ 2,2 bilhões, alta de 13,3%, e o Ebitda normalizado foi de R$ 333 milhões, alta de 63,5%. Também foi o melhor desempenho trimestral. Falta a marca recorde na última linha, mas ter voltado ao lucro já permitiu o pagamento de proventos pela primeira vez em cinco anos. O resultado líquido foi de R$ 59,7 milhões, revertendo o prejuízo de R$ 202,4 milhões de 2020. Quando chegaram, há 18 meses, os novos executivos se debruçaram num diagnóstico que Murias define como “uma companhia amedrontada pela transformação”. “Todos os negócios estão sendo disruptados e o risco de se romper algum elo da operação é uma constante avaliada em todas as companhias, com diferentes reações. No caso da Valid, isso vinha se traduzindo numa tentativa de fazer várias coisas desenfreadamente”, disse o CEO ao Pipeline. “Adquiriu ativos no exterior, startups no Brasil, mais por reação do que convicção, e os três negócios principais ficaram um pouco de lado”. A companhia se divide em três verticais: soluções para governos, produtos para negócios e soluções digitais. Quem ajudou na análise foi a consultoria Bain&Company, que apontou para a necessidade de a Valid, que ficou conhecida pela emissão de documentos como RG e carteira de motorista, e soluções em telecom, voltar a se concentrar nos negócios core e aumentar as métricas sobre cada segmento. "Em ID, por exemplo, a gente produz 80% das CNHs e 60% dos RGs do país. É uma dinâmica que se parece com o varejo, que foi a minha escola, onde se calcula a quantidade de peças vendidas numa loja pelo número de horas de trabalho de cada funcionário", compara Murias, que foi CEO da Tok&Stok e diretor da C&A, Walmart e Boticário. O número de documentos emitidos por atendente, que Murias considera relevante na medição de produtividade, não constava na rotina da Valid. "Passamos a acompanhar com atenção esse indicador e aplicar o conceito de transformação digital não apenas para M&A, mas na esteira dos negócios centrais da companhia", diz.


Uma das primeiras providências foi descontinuar a BluePay, fintech comprada em dezembro de 2019 focada em meios de pagamento com tecnologia blockchain embarcada. “É história com correlação com a Valid, que é a maior fabricante de cartões, mas num jogo que teria pouca competitividade em relação aos grandes bancos”, considera o CEO. Na vertical digital, basicamente freando o que ainda não tinha tracionado, como a BluePay, a companhia passou de um consumo líquido de caixa de R$ 2 milhões em 2020 para uma geração positiva de R$ 12 milhões agora. O executivo não descarta potenciais M&As, desde que sejam nas atividades centrais da Valid.


Em 2021, a companhia também fez uma renegociação de dívida, para reduzir o custo financeiro e derrubar a alavancagem de 3,5x para atuais 1,8x. Parte disso foi feito com capital levantado num follow-on no ano passado, um voto de confiança da base acionária no plano da nova diretoria.


Os 20 maiores acionistas da Valid, incluindo Alaska, Cape Ann, 4UM, BTG Pactual WM, têm cerca de 60% da companhia, sem muito giro nesse grupo. O que Murias diz que começou a acontecer no quarto trimestre no ano passado e primeiro deste ano é a atração de fundos long only que não estavam nessa base.


O tal problema da companhia parece aos poucos ir diminuindo: desde setembro de 2020, a ação subiu 19% e, no ano, sobe 31%. Num prazo mais longo, de cinco anos, o investidor ainda perde 51%, num market cap atual que não chega a R$ 1 bilhão.



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