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Alterdata faz fusão com Prosoft

Com o negócio, Wolters Kluwer fica com uma participação minoritária. Mercado de software contábil está agitado.



A Alterdata, uma das maiores empresas de gestão para escritórios contábeis no Brasil, fechou um acordo com a Wolters Kluwer pelo qual a empresa vai se fundir com a Prosoft, outra companhia brasileira adquirida pela Wolter Kluwers em 2013.

A Wolter Kluwer terá uma participação de 11,7% na nova empresa, que deve ser formalmente constituída nas próximas semanas.


Não foi revelada a composição societária ou detalhes do negócio, mas provavelmente a Alterdata vai liderar a nova empresa, porque é de longe a maior das duas. A Prosoft tem 210 funcionários e um faturamento de € 10 milhões, algo em torno de R$ 67,5 milhões, segundo informou a Wolters Kluwer em um comunicado para a Bolsa de Amsterdam, onde tem ações listadas.


A Alterdata, sediada em Teresópolis, no Rio de Janeiro, tem seu carro chefe no segmento contábil. A empresa tem 1,8 mil funcionários, 53 mil clientes ativos e faturou R$ 196 milhões em 2020.


"Poderemos expandir a operação, trazendo oportunidades para que as empresas combinadas ofereçam uma gama mais ampla de soluções e proporcionem uma experiência aprimorada aos clientes", afirma o CEO da Alterdata, Ladmir Carvalho.

A Wolters Kluwer Tax & Accounting, divisão focada em sistemas para contabilidade da multinacional holandesa, comprou a Prosoft em 2013, por um valor não revelado.

Na época, a Prosoft tinha 250 funcionários e atendia uma base de 150 mil usuários.

Carlos Meni, empresário que fundou a Prosoft em 1985, passou a liderar a nova Wolters Kluwer Plusoft no Brasil, até ser substituído em 2016 por Roberto Regente.


Regente, um executivo de TI com passagem por grandes empresas como a Citrix, Microsoft e RSA, saiu em 2018. A reportagem não conseguiu averiguar se alguém ocupou a posição desde então.


Pelo que dá para ler nas entrelinhas, a Wolters Kluwer fez uma aposta no Brasil, comprando uma empresa local para ganhar espaço, tentou uma troca de comando e agora está indo para segundo plano, se contentando com uma participação em um novo negócio liderado pela Alterdata.


Vale lembrar que a Wolters Kluwer tem outras divisões, uma delas focada em saúde por exemplo, com uma atuação independente e cuja presença no Brasil segue inalterada.

A trajetória da Wolters Kluwer no mercado de sistemas para contadores no Brasil segue quase passo a passo à da Sage, uma multinacional britânica que fez uma aposta similar ao comprar 75% paulista Folhamatic em 2012 por R$ 400 milhões.


Depois, a Sage gastou algo próximo a R$ 50 milhões para adquirir as paranaenses Empresa Brasileira de Sistemas (EBS), sediada em Curitiba, e Cenize Informática, de São José dos Pinhais.


No ano passado, a Sage decidiu passar os negócios adiante, alegando problemas de compactibilidade tecnológica. Jorge Carneiro, um executivo de carreira da própria empresa comprou as três empresas, pagando £ 1 milhão à vista, e outros £ 9 milhões em um prazo e condições não reveladas. Uma barbada.


Nem todas as grandes deram para trás, no entanto. A Thomson Reuters, por exemplo, comprou e mantém uma dezena de empresas no Brasil, incluindo aí a Domínio, companhia catarinense que está entre as grandes no segmento de escritórios de contabilidade.


Quando da compra, em 2014, a Domínio tinha 653 colaboradores, 16 mil clientes e um faturamento na casa dos R$ 60 milhões.


De acordo com dados do Conselho Nacional de Contabilidade, existem no Brasil 491 mil profissionais registrados e 82 mil escritórios ativos.


É um mercado grande, atendido em grande parte por players de nicho na ativa desde os anos 80, como a Folhamatic, Prosoft, Domínio e Alterdata.


Nos últimos tempos, novos players nacionais como a ContaAzul, de Joinville, também estão assediando os contadores, visando convertê-los em parceiros na venda de sistemas de gestão na nuvem para pequenas empresas, recebendo para isso muito dinheiro de fundos de investimento.


O grupo de novos players, aliás, recebeu recentemente o reforço Maurício Frizzarin, que fundou uma nova companhia focada no setor, a Qyon Tecnologia, com planos de investir R$ 100 milhões até o final de 2021.


Outra novidade é a Totvs, de longe o maior player brasileiro de ERP, acaba de montar a Eleve, uma nova divisão voltada para competir no mercado de sistema de gestão na nuvem para pequenas empresas, com um canal de vendas baseado em contadores.


A Totvs está indo com força atrás dos contadores, oferecendo uma comissão de até 50% aos profissionais que venderem assinatura de seu sistema aos seus clientes, uma porcentagem que a empresa promete manter para sempre, o que é um ataque direto ao modelo de negócios da ContaAzul, de usar os contadores como porta para o mercado geral.


Software de gestão contábil, quem diria, é um campo cheio de emoções.


Publicado em: www.baguete.com.br

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