
Dúvidas sobre o resultado das eleições mantêm os empresários ressabiados
Sem um norte eleitoral nítido que permita ao menos traçar cenários para 2019, a economia nacional segue em passos lentos e com os empresários pouco confortáveis em decidir se vão aportar novos recursos em seus negócios, quando devem começar a investir e também quanto poderão comprometer nesses planos.
Mesmo com sinais complicados vindos do exterior, o que está na balança mesmo é a confiança interna. A escolha pelo eleitorado de um presidente mais populista ou mais liberal pode fazer toda a diferença.
A última sondagem da CNI sobre a confiança do empresariado apontou um índice de 50,2 pontos em maio, 3,9 pontos atrás da média histórica de 54,1 pontos. É praticamente o mesmo nível da segunda metade de 2017.
O indicador das “condições atuais” está abaixo da linha de otimismo (50 pontos) e o das expectativas futuras ainda patina nos 53 pontos, mostrando uma trajetória decrescente mesmo antes da greve dos caminhoneiros.
Um relatório recente da consultoria PwC também ilustra a atual paralisia. O setor de fusões e aquisições registrou apenas 241 transações de janeiro a maio, o que representa uma estagnação desde 2016.
Mesmo em outros anos eleitorais não havia tanta dúvida na hora de fechar um negócio: foram 322 operações no mesmo período em 2014 e 318 em 2010, por exemplo.
O padrão nesses negócios em 2018 é de fusões nas áreas de TI e financeira, na região Sudeste e com capital nacional, o que também demonstra pouco apetite externo.
O temor de novas surpresas negativas como a greve entre maio e junho acabou deixando o horizonte ainda mais nublado. A FGV havia captado uma melhora de percepção no primeiro trimestre do ano que agora parece muito distante.
Naquele momento, o Indicador de Intenção de Investimentos da Indústria estava 7,7 pontos acima do registrado nos últimos três meses de 2017. As previsões menores de demanda para comércio e serviços após a paralisação jogaram isso por terra.
Publicado em: DCI