SÃO PAULO - A forte crise na atividade da indústria automobilística atrasou os investimentos na desenvolvimento tecnológico, segundo Frédéric Sebbagh, presidente, na América do Sul, da Continental, grupo alemão que fornece pneus e outros componentes para montadoras.
Com 13 fábricas na América do Sul, das quais nove estão no Brasil, a Continental registrou uma melhora nas encomendas nas últimas semanas, impulsionadas pela reativação de vendas de veículos no país e no exterior.
Mas, segundo Sebbagh, o setor sofreu muito no Brasil com o encolhimento do mercado desde 2013, que passou de 3,7 milhões de veículos por ano para 2,2 milhões em 2016. "Com a perspectiva que tínhamos de chegar a 4 milhões e até 5 milhões de unidades por ano era possível preparar-se para investir nas tecnologias que estão sendo criadas nos países mais desenvolvidos.
Mas, como a crise atrapalhou esse processo com os volumes que temos hoje, precisamos trabalhar com outros países", destacou o executivo, que hoje participou do fórum "Direções", promovido pela revista "Quatro Rodas".
A expectativa dos representantes da área em relação à nova política industrial do setor, prestes a ser aprovada pelo governo, foi um dos temas do evento. Para Sebbagh, o programa que termina neste ano, o Inovar-Auto, gerou vários ganhos em desenvolvimento de produtos, mas não agregou melhorias na cadeia automotiva.
"O Brasil ainda está muito desfasado por ter uma das maiores proteções do mundo", disse.
De acordo com ele, o país ainda depende de importação para colocar itens importantes nos veículos, como segurança embarcada e sistemas de frenagem modernos. Segundo Sebbagh, a aceleração desses desenvolvimentos em outros países - não apenas a crise - deixou o Brasil para trás.
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