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Totvs fará mais compras para ganhar velocidade




Após ter perdido uma disputa bilionária com a credenciadora de cartões Stone pelo controle da fornecedora de sistemas de varejo Linx, a Totvs pretende seguir em frente com seu plano de fusões e aquisições, sinalizando interesse em avanços no setor industrial, em logística e no agronegócio, além do varejo.

“A página está virada”, diz Dennis Herszkowicz, CEO da empresa, em entrevista ao Valor, ao lado do fundador e presidente do conselho da Totvs, Laércio Cosentino. “A gente não avançou o sinal em nenhum momento e esperávamos que todos os envolvidos no processo pudessem pensar da mesma maneira. Entendemos que não acabou acontecendo, mas segue a vida”, disse Consentino durante a entrevista. A disputa acirrada teve início em agosto, no dia seguinte ao anúncio da oferta da Stone pela Linx, quando a Totvs comunicou que já estava em negociações anteriores com a empresa.


Acionistas minoritários da Linx aumentaram a pressão sobre o conselho de administração da empresa alegando conflito de interesses dos principais acionistas — o presidente Alberto Menache, o sócio Alon Dayan e o sócio-fundador da Linx Nércio Fernandes — para avaliar a proposta da Stone.

A proposta final de mais de R$ 6,7 bilhões da Stone foi aprovada em assembleia de acionistas da Linx no dia 17 de novembro. Foram computados 55,95% votos a favor da proposta da Stone, 20,01% contra e 3,79% abstenções, incluindo os votos dos acionistas majoritários, cuja participação na assembleia foi autorizada pelo colegiado a Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

“Ninguém entra pra perder, mas estamos tranquilos porque a gente se propôs a fazer um negócio no maior nível de transparência possível”, afirmou Herszkowicz sobre a oferta de R$ 6,1 bilhões da Totvs pela Linx. “Dissemos que não entraríamos numa guerra de propostas e não mexemos na nossa proposta nenhuma vez.”

Durante os três meses de negociação com a Linx, a Totvs manteve oportunidades em negociação, paralelamente. “A Linx era uma peça de um plano muito maior”, comentou. Herszkowicz ressalta que o mercado pode esperar da Totvs a execução do plano de fusões e aquisições nas frentes de processos internos (back office) e recursos humanos, segmentos de mercado, complementos às ofertas dentro da base de clientes (cross sell) bem como nas áreas de tecnologia financeira e performance de negócios. “Tanto na estratégia de crescimento orgânico como em fusões e aquisições estão todas as tecnologias que facilitem e acelerem a jornada digital das empresas”.

Um dos pontos de atenção da empresa, segundo Cosentino, está na chegada da tecnologia 5G impulsionando a automação da cadeia produtiva. “Isso abre a necessidade de termos muita inovação internamente e muitas fusões e aquisições que vão complementar a oferta e nos dar velocidade”, afirmou o fundador.

O presidente do conselho da Totvs prefere não detalhar quais segmentos de mercado, além do varejo, estão na mira da companhia, mas sinalizou que são aqueles que estão em crescimento e que certamente demandarão investimentos em tecnologia. “Temos uma revitalização da manufatura no país, com o câmbio incentivando exportação, o avanço em logística com múltiplos canais de vendas, no agronegócio com o mercado de commodities voltando a ficar aquecido e, claro, o varejo como a disputa pela Linx mostrou.”

O comando da empresa que, conta com 50,2% do seu segmento de mercado, segundo dados da IDC Brasil, se mostra cautelosamente otimista para os próximos dois anos.


“Vimos que os programas de governo funcionaram, que a queda do PIB foi menor do que o esperado e que o cenário por aqui tá mais sólido do que aparenta”, diz Herszkowicz. Consentino acredita que o dólar se mantenha em queda e que, após o segundo turno das eleições municipais, marcadas para o próximo domingo, as reformas tributária e administrativa caminhem. “Não tem como adiar mais”, disse.


Publicado em: valor.globo.com



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