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Gigantes do setor de saúde Dasa, Rede D’Or e Fleury anunciam aquisições

Tendência é cada vez mais de consolidação no segmento de saúde, que é bastante pulverizado


Na noite desta terça-feira (1), três gigantes do setor de saúde no país, Rede D’Or (RDOR3), Grupo Dasa (DASA3) e Fleury (FLRY3), anunciaram aquisições de ativos, em continuidade do movimento de consolidação do setor, ainda bastante pulverizado.


A Rede D’Or fechou a aquisição do Hospital Serra Mayor, localizado na capital paulista, em região de alta densidade populacional, no bairro do Capão Redondo. O valor da firma (EV) ficou em R$ 130 milhões, com projeção de lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) de R$ 17 milhões para 2022, após sinergias, implicando em um múltiplo EV/Ebitda de 7,6 vezes daqui a dois anos.


Já o Fleury anunciou a aquisição do Laboratório Pretti e do Laboratório Bioclínico, ambos no Espírito Santo (ES). Os valores justos para fins de transação são de R$ 193,1 milhões e R$ 122 milhões respectivamente, adicionando cerca de 40 unidades de atendimento em sua base total. A estimativa de Ebitda para estas aquisições não foi divulgada.


O grupo Dasa veio com a transação maior entre as três empresas, com a aquisição do Hospital da Bahia (HBA S.A.) em Salvador (BA) por R$ 850 milhões em dinheiro. A Levante Ideias de Investimentos aponta que, com a operação, a Dasa já “coloca o pé em uma praça já bastante disputada”. A estimativa é de um múltiplo EV/Ebitda em torno de 13 vezes para a aquisição, sendo um dos mais relevantes após a sua reabertura de capital.


Conforme destaca a Levante, mesmo com um setor ainda bastante pulverizado em todos os segmentos de atuação (hospitais, clínicas de tratamento, laboratórios de diagnóstico e planos de saúde), a competição começa a ficar mais acirrada nos principais centros urbanos, com maiores densidades populacionais, sendo que várias companhias de capital aberto estão começando a atuar em uma mesma região.


“Olhando individualmente cada aquisição, enxergamos um impacto positivo para as ações das três companhias, dado que todas estão muito bem capitalizadas, sobretudo a Rede D’Or com a sua recente abertura de capital e Follow-on (oferta subsequente de ações)”, avaliam. Além disso, apontam, o setor de saúde demanda cada vez mais escala, sendo um requisito mandatório para que as empresas obtenham uma boa rentabilidade.


A estratégia da Dasa, aponta a Levante, vem na vertente de agregar hospitais e centros diagnósticos dentro do mesmo guarda-chuva.


O Bradesco BBI avalia que a aquisição do HBA, marcando a entrada da Dasa em Salvador, na Bahia, que tem cerca de 1,6 milhão de beneficiários e é o sexto maior mercado do Brasil, é um movimento bastante importante para a empresa.


Os analistas também veem os múltiplos da aquisição como positivos: a Dasa pagou cerca de R $ 2,6 milhões por leito (com base nos atuais 330 leitos do HBA), ou R$ 2,1 milhões por leito, isso incluindo expansões em andamento com o plano de chegar a 405 leitos (assumindo nenhum capex adicional para completar a expansão). O valor é abaixo do preço médio histórico do setor entre R$ 3,0 milhões e R$ 5,0 milhões.


A expectativa é de que possam ocorrer sinergias com redução de custos médicos e de materiais, com a adoção de uma estrutura de custos centralizada (talvez com cerca de 20% e 30% de descontos nesses produtos) e alguma diluição de custos com os 75 leitos hospitalares adicionais a serem concluídos. Quanto à rede credenciada do HBA, ela já é vasta, abrangendo todas as principais grandes operadoras. Desta forma, os analistas reiteraram visão positiva sobre a Dasa, com recomendação outperform e preço-alvo de R$ 80 para 2021.


A Levante destaca que o Fleury vem tentando diversificar sua linha de atuação para além dos centros diagnósticos, incorporando clínicas de tratamentos avançados e diversos, ampliando a gama de serviços oferecidos dentro de seus ativos.


O Itaú BBA classificou a notícia sobre as aquisições da Fleury em Vitória como neutra. O banco afirma que não tem dados o suficiente para ponderar o potencial de adição de valor que o negócio pode ter, mas afirma que em termos de receita não parece muito acima do valor atual do Fleury. Apesar disso, o banco elogia o esforço do Fleury de diversificar o crescimento do faturamento bruto, e fortalecer o portfólio de serviços. O Itaú mantém recomendação market perform (perspectiva de valorização dentro da média do mercado) para o Fleury, com preço-alvo de R$ 29.


A XP, por sua vez, aponta que, embora pequena, vê a transação como positiva, pois expande o alcance nacional do Fleury por um preço razoável. Os analistas esperam que os ganhos de sinergia diluam os múltiplos implícitos, especialmente considerando o provável aumento dos serviços oferecidos no Pretti e Bioclínico.


“Finalmente, considerando o tamanho da transação e que vemos a FLRY3 sendo negociada a um preço sobre o lucro de 24,4 vezes o esperado para 2021 e de 21,4 vezes o esperado para 2022, que está em linha com sua média histórica, reiteramos nossa recomendação neutra para a empresa e nosso preço-alvo de R$ 29 por ação”, apontam.


A Rede D’Or, por sua vez, destaca a Levante, vem buscando escala de maneira mais concentrada e onde tem expertise comprovada: gestão de hospitais de alto padrão.

O Credit, por sua vez, ressalta que a área dessa última aquisição é altamente povoada, mas com baixos indicadores sócioeconômicos.


Luis Sales, analista da Guide, ainda aponta que o movimento ocorre uma semana após a rede hospitalar anunciar, através da sua afiliada Hospitais Integrados da Gávea S.A. (Clínica São Vicente), ter concluído a aquisição de 100% do Hospital Balbino, localizado no município do Rio de Janeiro.


A notícia foi vista como marginalmente positiva para o analista: “a Rede D’Or mostra mais um movimento de aquisição do pulverizado setor hospitalar. Esperamos uma manutenção nessa tendência em função do avanço acelerado de consolidação no setor de saúde, observado no número de negócios (o mais importante deles a fusão entre Hapvida HAPV3 e Notre Dame GNDI3 ) mas também em novas empresas do segmento captando recursos no mercado de capitais”, aponta.


“Escala e Verticalização”

Olhando para o cenário em geral para fusões e aquisições no setor, a Levante destaca que a pandemia levou muitos ativos de menor porte estarem “atrativos” para a aquisição, com os grandes players do setor se beneficiando com a oportunidade no radar.


A pulverização do setor, até então, é vista como compreensível, dada a extensão territorial do Brasil e devido aos serviços médicos, que em grande parte até o início da pandemia demandavam quase que majoritariamente a presença física do paciente. Com o avanço rápido da telemedicina, muitas consultas básicas agora podem ser feitas de maneira remota, avaliam os analistas, possibilitando também maior ganho de escala e verticalização.


“Acreditamos que ainda há bastante espaço para expansão das grandes do setor, sem que haja uma sobreposição muito prejudicial, porém as palavras-chave do setor têm sido ‘escala e verticalização’”, avaliam.


Assim, os analistas enxergam um cenário de crescimento gradual e consistente para os líderes do setor de saúde e as fusões, aquisições e expansões de unidades. “Todas as grandes do setor seguem com endividamento baixo, múltiplos mais elevados em relação às aquisições recentes e com caixa robusto, indicando que podemos esperar um ciclo de crescimento e consolidação por mais alguns anos pelo menos”, apontam.


Publicado em: www.infomoney.com.br

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