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Empresas querem ser fundos

Companhias tradicionais como Stefanini, Via e Duratex montam estruturas para facilitar investimentos em startups.

O perfil dos investimentos em startups está mudando. Antes restritas ao mercado financeiro e a pessoas físicas com muito dinheiro, essas aplicações passaram a ser realizadas por empresas. Só nos cinco primeiros meses de 2021, as startups brasileiras receberam US$ 3,2 bilhões (cerca de R$ 16,64 bilhões) em investimentos, volume que representa 90% do total investido ao longo do ano de 2020, de US$ 3,54 bilhões, conforme dados do relatório Inside Venture Capital do hub de inovação Distrito. Entre elas, as que mais atraíram investimentos até agora foram as fintechs, que captaram US$ 731 milhões só nos quatro primeiros meses deste ano.


A novidade é que uma fatia crescente desse dinheiro vem de grupos empresariais consolidados e tradicionais, como Stefanini, Duratex e Via. Essas corporações estão criando fundos de venture capital para organizar os investimentos. As motivações são inovação e sobrevivência. Uma grande empresa poderia inovar por conta própria, mas levaria mais tempo e gastaria mais dinheiro para obter resultados que as startups atingem mais rapidamente. E é aí que entram os Corporate Venture Capital (CVCs), fundos dedicados a acelerar o ritmo dessa inovação.


O Grupo Stefanini criou um fundo de R$ 300 milhões para intensificar seus ganhos iniciados pela Stefanini Ventures. A iniciativa criou um ecossistema formado por cerca de 20 empresas adquiridas pelo grupo. O faturamento previsto para elas neste ano é de R$ 1 bilhão, crescimento de 500% nos últimos cinco anos, e que representa 20% dos R$ 5 bilhões que a Stefanini espera faturar neste ano.

A ideia agora é aproveitar essa curva de aprendizagem para avaliar os novos negócios e colocá-los para rodar em separado da Stefanini, de modo a evitar conflito de interesses. “Hoje recebemos mais de 50 sugestões de investimento por mês. Muitas são boas, mas não têm o perfil da companhia. Elas poderiam receber investimentos desse fundo”, afirmou o CEO global e fundador, Marco Stefanini. Segundo ele, a ideia não é ser um investidor anjo, mas acelerar empresas que já têm produtos para ser escalados. Parte do capital é do empresário, mas ele agora busca sócios. “Performando bem, podemos abrir novos fundos”, disse.


“O CVC é mais um importante passo para a materialização da nossa cultura de inovação” Antonio Joaquim de Oliveiraa, presidente da Duratex.

O próprio Stefanini iniciou sua corporação há 33 anos como uma startup, mesmo sem saber o que era isso naquela época. Quando ele montou seu negócio, na garagem de casa, ainda não existiam os conceitos de startup e ecossistema que atualmente se dedicam a financiar a inovação. Três décadas, 40 países e 24 mil funcionários depois, ele quer auxiliar investidores para encontrar novas Stefaninis. “Se tivesse tido uma ajuda dessas, tudo poderia ter sido diferente e eu avançaria mais rápido, apesar dos juros nas alturas”, disse.


A fabricante de material de construção Duratex também decidiu apostar na criação de um fundo de venture capital para investir em startups, em múltiplos estágios. O primeiro aporte será de R$ 100 milhões. A companhia do grupo Itaúsa será a única cotista do fundo, e terá o auxílio da gestora de venture capital Valetec. A Duratex quer acompanhar a transformação do setor de construção e decoração, mapeando potenciais disrupções dos negócios. “O CVC é mais um importante passo para a materialização da nossa cultura de inovação, especialmente no processo de digitalização”, disse o presidente da Duratex, Antonio Joaquim de Oliveira.


Adaptar-se com rapidez e flexibilidade às mudanças, demandas e até ameaças do mercado têm sido a grande mola propulsora dos CVCs. Foi o que fez a Via ao criar um fundo de R$ 200 milhões. Com objetivo de se tornar cada vez mais digital, a dona das marcas Casas Bahia, Ponto e Extra.com anunciou que o fundo foi criado para investimentos em startups em até cinco anos.


O fato é que as grandes corporações estão deixando de ver as startups como ameaças e passando a considerá-las aliadas. No mundo, uma em cada quatro startups recebe investimentos de empresas de grande porte. Além disso, 90% dos unicórnios (startups avaliadas em mais de US$ 1 bilhão) têm ao menos um investidor institucional e sete em cada dez empresas das 500 maiores do mundo pela Forbes possuem uma iniciativa desse tipo.


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